segunda-feira, 13 de junho de 2011

M,

Sei que é impossível nos encontrarmos, mas, caso isso acontecesse, você não me reconheceria. Talvez tua amargura contraste com a minha conformidade e a única conclusão a ser feita é a de que não se pode ser a mesma pessoa pra sempre. Ainda sou muito otária, sabe. Ainda tenho vontade de dizer, no maior clima de ano novo, um “foi muito muito muito bom ter te conhecido e não vou esquecer o que andamos vivendo por aí”, mesmo em plenas férias de julho. Não acho que um ano precise acabar pra que tenhamos vontades de falar dos meses bons. Também não acho que abraço nenhum deva ser negado em hipótese nenhuma. Você nega abraços, não é? Por isso não me reconheceria, não me compreenderia. Ou talvez eu te convencesse que abraçar não faz mal algum. A verdade, sobre o tempo e tudo mais, é que o ano ainda está longe de acabar. Falta metade. Sobra falta. Essa mesma falta, que enche meus dias de ausência, tanto me dá suspiros quanto sorrisos. Porque sei que não foi sempre assim. Talvez não seja sempre assim. Ou talvez eu aprenda de vez a ser assim, amarga, e comece a negar abraços também. Mas aí não serei mais eu e a minha parte louca-trôpega-bêbada-heróica vai sumir. E, se foi justamente essa minha parte que me trouxe a sanidade e a maturidade recentemente adquiridas, não faço questão de me despedir dela. Vou continuar abraçando, mesmo que não seja abraçada de volta. E faço isso sorrindo, todos os dias, porque tenho memória e ela está comigo sempre.


Beijos e abraços. Principalmente abraços.
Sua, S.


Ps – já são duas horas da manhã e a lua está linda.