domingo, 11 de setembro de 2011

M,

Analisando causas e efeitos, aqui estou: voltando como quem nunca quis dizer tchau. O fato de o avançar do tempo ser imperceptível não é nenhuma novidade, mas acontece que a gente presta tão pouca atenção no correr dos dias... E de repente acaba parando em si, se achando mais velha, mais densa. Acabei ficando cansada de me carregar em mim. A gente cansa, também, de traçar perspectivas. Se a espera de uma-coisa-qualquer-que-virá é o que nos mantém vivos, como extrair vitalidade de um estado de espírito que nem quer voltar ao que era antes nem faz questão de consertar o que foi quebrado? Não se vive, então. Viver não é preciso. E se da falta de precisão fazem piada, riremos todos. Dançar conforme a música é uma habilidade aprendida dia após dia, lembrança após lembrança. A gente calcula os movimentos para que o cotidiano doa o mínimo possível. É quando se acorda desejando a hora de dormir. De uma coisa eu sei: congelar o tempo pode fazer tanto bem para a memória quanto para o coração. A gente vai aprendendo a sentir os mesmos gostos, a reviver os mesmos abraços, a atender os mesmos telefonemas e a elaborar as mesmas palavras quando a proximidade se torna impossível. Saudade é uma coisa que a gente não controla. Melhor mesmo é se deixar escravizar por ela, já que nem tudo é dor, afinal. Só me recuso a machucados ainda mais pungentes, ninguém é obrigado a passar pelo que não merece. Sabe, sou o tipo de pessoa que elabora uma lista de assuntos para evitar silêncios constrangedores com quem me conquista de alguma forma. Elaborarei essa lista infinitamente. Não porque o silêncio seja infinito, mas porque nunca se sabe quais pessoas estarão dispostas a ouvir minhas palavras pré-estabelecidas.


Um beijo para o primeiro alvo dessa minha lista,

S.