terça-feira, 28 de agosto de 2012

M,

É como permanecer na beira da praia esperando o próximo navio que vai passar por você sem aportar.

S.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

M,

Sabe quando alguma coisa segura teus pés? Quando, pela paranoia ou pela gravidade, você não consegue voar? Por mais que todas as suas vontades sejam plenamente compatíveis com todo o planejamento minimamente acertado dentro da sua cabeça, você não consegue mover as peças. Não é por cautela, por faltas ou excessos de sentimentalidades. Tá mais pr’aquele medinho de acontecer tudo de novo. Por mais que os fatos – tão terríveis! – que já morreram há séculos não justifiquem a relutância em viver coisas novas. O medo de passar por idiota, de novo, continua gigantesco. Retiro o silêncio do meu quarto como quem pinça um elemento raro, cercado por amenidades quaisquer. Alguns acordes delicados entram, dizendo “Come slowly to me, I’ve been waiting patient, patiently...” Ainda acho que as coisas mais difíceis de dizer são as que mais valem a pena serem ditas. Hoje eu disse. Pra mim, aqui, entre quatro paredes. E tô dizendo pra você em uma carta qualquer, que prefiro ler quando tiver a chance de te ver se aproximando. Algumas mensagens funcionam melhor se transportadas pela voz. Além disso, provavelmente vou precisar de um abraço, por isso vá se preparando. Se é que você quer se aproximar. Se não, guardo as palavras pra mim e recito sempre que a música não me satisfizer. E, por favor, não conte a ninguém. Ainda morro de medo de sentir, embora sonhe com isso sempre.

No mais, vou ficar com a janela aberta, pra que algumas estrelas embalem meu sono hoje.
É o que me resta.

Sua, S.