segunda-feira, 3 de junho de 2013

M,

Imagine ter a capacidade de congelar 365 momentos em caixinhas. Você abre uma delas e, por alguns instantes, consegue ser transportado para aquele espaço-tempo-sensação que já passou. Ótimo, não é? Mas imagina só essa leveza sendo renovada todos os dias. Os momentos congelados não perdem a beleza, mas saber que o instante seguinte sempre pode ser mais interessante faz com que a gente se sinta vivo.

Ainda na perspectiva de recapturar memórias, acho que o número 365 seria ideal por guardar o bom (para nos deixar felizes) e o ruim (para nos deixar maduros) em um ciclo que equivale a um ano. Talvez um ano seja o tempo em que a gente percebe o que mudou em termos práticos, pois não está nem tão distante a ponto de perder a nitidez nem tão perto a ponto de se tornar imperceptível. Em um ano, consigo ver quem foi embora e quem eu quero que fique. Ambos pra sempre. Palavra pesada, eu sei. Afinal, quem tem o controle da eternidade? Mesmo assim, algumas palavras merecem o peso que a gente dá pra elas. Usar de eufemismos pode não ser a solução mais sábia, às vezes a vida pede intensidade.

Por sinal, a minha receita particular de felicidade fala: quem sabe misturar leveza e intensidade em doses alternadas é capaz de multiplicar os melhores sorrisos. Mas sou suspeita pra falar. Tenho tido surtos de um otimismo inabalável, que se manifesta feito canção em beira de praia. É o que tenho guardado em todas as minhas caixinhas.

Sua sempre, S.