(Primeiro parágrafo em Tom Maior)
Começo logo dizendo um desejo: sempre quis ter uma varanda. Seja em uma casa, apartamento, tanto faz. Uma varanda faz-se primordial, elemento tão importante para uma construção quanto os livros são para uma estante vazia. (Uma curiosidade: Sabe que sempre pensei em mim como uma pilha de livros jogados e desorganizados? Confusos. Páginas arrancadas, sem estante.) E, quando falo em construção, digo que ela é um elemento importante não apenas no sentido estrutural da palavra; não me refiro apenas a cimento, areia, ou qualquer dessas materialidades. Varanda é espaço de construção de pensamentos. Se eu tivesse a sorte de morar em um lugar assim, sempre que desse uma festa, faria meus convidados prometerem que os momentos mais bonitos aconteceriam lá. Talvez pusesse placas: “Proibido fazer declarações de amor em qualquer lugar que não seja a varanda.” Seria meu lugar de leituras, de vento dançando nos cabelos, de silêncio, de quietude, de ouvir música baixinho, de namoro ao luar, de deitar na rede e ver o céu. Seria meu lugar.
Da enclausurada, porém, sua
S.
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