sábado, 19 de novembro de 2011

M,

Está chovendo, sabe? A noite de hoje me transportaria para outro lugar e falhou, meus livros me levariam em direção a outras pessoas e também falharam, a música me proporcionaria outros espíritos e emudeceram. Talvez porque todos nós tenhamos certo desejo de materializar o que pertence unicamente ao pensamento, talvez porque o tempo seja uma instância ingovernável, talvez porque nada que seja sentido possa ser completamente externado. Os porquês não importam tanto, só sei que chove. E lembro de quando segurei seu braço na chuva, pensando em me proteger. Como se um contato ínfimo pudesse me salvar de forças climáticas. Mas eu acreditava nisso, sabe, como acreditava cegamente que conseguiríamos atravessar aquela chuva e chegar inteiros ao momento em que ela parasse. Não chegamos. Por falta de poderes, por falta de vontade, por falta de... nós. A gente olha muito pras próprias mãos e esquece que elas deveriam segurar aquelas, que estão bem ali, na iminência de tocar os nossos dedos.

Se encontrar alguém que se disponha a segurar suas mãos, faça o favor de segurá-las.


Sua, S.

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