Hoje eu resolvi sair correndo na chuva. Não sei se por loucura ou por tédio, se por raiva ou por aflição, se por amargura ou por cansaço. Fui aprendendo que a gente deve parar de pensar um pouco, por virtude do não enlouquecer. Concluí que, não enlouquecendo, estamos autorizados a cometer mais loucuras. Saí, trôpega e louca e sozinha na chuva. Porque precisava me manter sã subjugando a alucinação. As palavras bonitas que colei no espelho para ler quando acordasse estão borradas agora e todo o resto do mundo me parece mais nítido. Seco, palpável, real e nítido. Não que as minhas certezas tenham mudado: calma, meu querido, ainda sou a mesma e sempre serei. Ainda consigo encontrar beleza nas coisas e nas pessoas, só passei a desconfiar delas. Não conservo mais o utópico no topo da minha lista de prioridades, o equilíbrio já tomou o seu lugar. E a consciência, juíza da loucura e da lucidez, faz-se um presente e um escudo contra os desapontamentos do mundo. Corri, guiada pelo vento e tomada pelo frio, até um lugar em que tivesse a certeza absoluta de que estaria sozinha. Olhei para os meus pés, olhei para a noite. Roupa molhada, cabelos grudados na pele, mãos trêmulas. “Seja verdadeira com o mundo e ele será verdadeiro com você”, falava baixinho. A quantidade de pancadas recebidas veio aplaudir a maturidade e era ela que segurava a minha mão ali. Percebi que sou o centro das minhas decisões e é assim que deve ser. Suor, lágrimas, água de chuva. Estava sorrindo.
Sua, S.
Que você continue sorrindo. Sempre. Quando enjoar de sorrir, gargalhe. Dai, volte a sorrir. :)
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