segunda-feira, 11 de outubro de 2010

M.,

Descobri que amo ganhar flores. Não sei se isso faz parte de um sentimento de certa forma “maternal” que eu possa ter ou se é puro egoísmo. A verdade é que ter algo que te faça querer cuidar e que sustente a idéia de preocupar-se por um motivo importante é uma ótima maneira de desviar das horas que insistem em não querer passar. Você tá longe, no tempo ou no espaço, e pensa: Preciso chegar logo pra cuidar das flores. O perfume e a beleza que vêm em troca acabam nem sendo o motivo primordial. Cuida-se pelo gostar de cuidar. Observa-se pelo gostar de observar. Precisa-se de um objetivo para navegar, de um norte que te dê alívio. Egoísmo ou altruísmo? Você acorda e vê aquele traço de vida em meio às paredes duras e aos aparatos tecnológicos e pensa: Isso é tão mais importante.

E aí a importância fenece. Murcha, apesar de todos os cuidados. Espaços vazios, tempo vão, cores desbotadas. O cinza dos fios e o preto das grades acabam vencendo o verde, o rosa, o vermelho. Porque o preto vigora e as outras cores despedem-se de nós com o tempo. Qual seria mais digno da eternidade? Porque, sim, a vida fica na memória. E a gente tende a enfeitar a realidade com todas essas cores. As flores murcham, morrem. Mas são lindas porque um dia existiram.

Um dia cheio de flores pra você.

Beijos,
S.



Ps - Talvez algum dia eu receba flores suas.
Cartões e palavras sequer serão necessários: Saberei que vieram de ti.

Nenhum comentário:

Postar um comentário